quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SÃO BENTO, PAI DOS MONGES DO OCIDENTE


“Que há de mais doce para nós,
caríssimos irmãos,
do que esta voz do Senhor a convidar-nos?”
(RB, Prólogo)

BENTO, HOMEM DE DEUS
Por que ainda se guarda a lembrança deste homem que nasceu quinze séculos atrás? Certamente porque se trata de alguém que tem algo de fecundo a ensinar aos homens de hoje.
Bento (em latim: “Benedictus”, que quer dizer “bendito”), nasceu na Itália, numa pequena cidade chamada Núrsia. Sua família pertencia à pequena nobreza de proprietários rurais. Antes dos vinte anos de idade, foi mandado para Roma, a capital e maior cidade do mundo conhecido de então, a fim de estudar letras. Mas Bento não se adaptou aos ambientes acadêmicos e sociais decadentes que encontrou , sentia necessidade de algo diferente. Partiu novamente para o interior e, depois de algum tempo, retirou-se completamente para “habitar consigo mesmo”, na expressão dos “Diálogos” de São Gregório Magno, o mais antigo cronista de sua vida.
Procurar a Deus de verdade: esta era a aspiração de Bento. Por isso, na radicalidade de seu espírito jovem e resoluto, confrontou-se com as opções fundamentais do Evangelho: pobreza, a disponibilidade total a Deus, a escuta e o aprofundamento de sua Palavra. Tornou-se monge. Passou a viver solitariamente numa gruta, em Subiaco (em latim antigo: “sub-lacum”). A esta gruta, seis séculos mais tarde, subiu São Francisco como peregrino, e nessa ocasião alguém pintou na rocha o mais antigo retrato que se guarda do Pobre de Assis.
Depois de três anos de completa reclusão, na qual só contava com a ajuda de um outro monge que lhe fazia chegar, por uma corda, um pouco de comida. Bento começou a ser descoberto pelos camponeses e pelos outros monges da região. Alguns dentre estes convenceram-no a ser seu Abade, em Vicovaro. Incapazes, porém, de abandonar o relaxamento habitual e seguir o caminho de perfeição que Bento lhes mostrava, tentaram envenená-lo. Mas foram surpreendidos pela força de sua pureza: o cálice com a bebida mortífera partiu-se em pedaços quando o jovem abade sobre ele fez o sinal da cruz.
Tendo voltado Bento à Subiaco, construíram-se ali, no correr dos anos, doze mosteiros que seguiam sua orientação. No entanto, a fama de sua santidade despertou as infâmias de um pároco invejoso e Bento, para garantir a tranquilidade de seus discípulos, decidiu abandonar aquele lugar. Tendo deixado superiores para cada mosteiro, levou consigo apenas duas crianças que educava, Mauro e Plácido, e poucos companheiros.
A providência o encaminhou para Monte Cassino, onde permaneceu até o fim da vida e fundou o grande mosteiro que até hoje é venerado como o tronco de todas as casas beneditinas. Lá viveu e escreveu a Regra de vida que guiou o caminho de incontáveis gerações de santos e monges e até hoje orienta nossa vida monástica. Perto de lá, sua irmã, Escolástica, deu início ao ramo feminino da Ordem de São Bento, observando a mesma regra por ele estabelecida.

(Digitação: Ir. Leonardo Oliveira, OSB)

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